segunda-feira, 9 de março de 2015

Evolve: Vale a pena?





Lançado em 10 de fevereiro de 2015 para Xbox One, PlayStation 4 e PC’s, Evolve é o novo projeto da Turtle Rock Studios, consagrados desenvolvedores da série Left 4 Dead, e aqui eles tentam emplacar a mesma pegada viciante presente em sua série de zumbis, porém sem tanto sucesso dessa vez.






Jogabilidade

Conceitualmente, Evolve trata-se de um multiplayer cooperativo, onde os quatro jogadores devem se empenhar rumo a um objetivo comum, qual seja, em regra, caçar e eliminar o monstro que ameaça os caçadores e habitantes da colônia de Shear. Assim sendo, os quatro caçadores, cada um responsável por uma das quatro classes disponíveis no jogo, devem perseguir o monstro que se alimenta da fauna de Shear para poder evoluir e tornar-se mais forte, fazendo com que a tarefa dos caçadores torne-se cada vez mais difícil com o passar da partida.
Evolve
Aí vem ele…
O pulo do gato (ou do monstro) é que a criatura também pode ser controlada por jogador, configurando a partida em uma disputa de 4 x 1, número essencial para o pleno aproveitamento de Evolve, mas já chegaremos nesse ponto.
Falei sobre as classes, não? Vamos a elas.
Cada time de caçadores é composto de um médico, um suporte, um armadilheiro e um assalto. O médico fica encarregado de curar ou reviver o time, auxiliando com rifles de precisão e afins quando o time já estiver curado. O suporte, além de possuir algumas habilidades que são capazes de infringir dano no monstro, auxilia o time providenciando proteção aos outros membros do time ou rastreando a criatura. O armadilheiro, por sua vez, fica responsável por perseguir e prender o monstro, possibilitando que o resto do time se encarregue de derrubá-lo. O assalto, por fim, se atribui de dar o máximo de dano possível na criatura.
Classes
Classes
O monstro, por sua vez, pode ser personificado por três criaturas distintas: Golias, Krakem e Espectro, cada um com suas peculiaridades, poderes específicos e fraquezas.
A mistura, por si só, é bem efetiva, uma vez que cada partida tem seu destino determinada pela habilidade que os jogadores têm em desempenhar seu papel. Um médico eficiente poderá fazer com que ninguém morra, mas caso o armadilhiro não seja tão experiente, os jogadores não conseguirão interceptar o monstro rápido o suficiente para mata-lo, amargando a derrota no final independentemente dos esforços do resto da equipe.
As classes sofrem suas variações a depender do personagem escolhido. Cada uma delas conta com três personagens, que por contarem com um set diferente de skills, apresentam uma variedade interessante de estratégias a serem tomadas. Tomemos por exemplo a classe médica: a primeira liberada, Val, possui uma arma de cura que restaura a vida gradualmente do personagem alvo enquanto mirada neste. Em contrapartida, Lazarus, o segundo médico habilitado, não possui tal equipamento, contanto, no entanto, com uma luva que permite ressuscitar membros da equipe instantaneamente, sem o prejuízo da perda de HP após o nocaute.
A jogabilidade com o monstro, por sua vez, baseia-se em caçar a fauna de Shear e alimentar-se dela, recuperando assim seu escudo e aumentando a barra que lhe permite evoluir após determinada quantidade de whey, digo, alimento. Ao evoluir, que pode ser feito duas vezes durante a partida, o monstro tem seus atributos melhorados, além de poder melhorar e até mesmo selecionar novos ataques e habilidades.
Monstro
Vem, monstro!
Para abrir novos personagens e monstros, você deve jogar com aqueles que estão disponíveis inicialmente, cumprindo determinados objetivos de efetividade para com classe (tirar tantos pontos de vida, curar tantos pontos de vida etc), e assim suscetivelmente.
Os modos de jogo trazem à baila certas clássicas objetividades presentes em títulos de FPS: além do modo caçada, já mencionado alhures, o jogo contém missões de proteção de refugiados, destruição de ovos do monstro, defesa de bases etc. E é isso.
Os cenários onde tais embates ocorrem, em um primeiro momento, agradam por parecerem densos e ricos em sua fauna e flora, mas rapidamente tornam-se repetitivos e monocromáticos. Os mapas, dispostos como arenas limitadas em suas extremidades, apesar de existirem em número elevado, falham em acrescentar variedade no momento de sua escolha, uma vez que eles contam sempre com os mesmos elementos e dimensões.
Por mais que eu tente me estender acerca da proposta de Evolve, dificilmente conseguirei ir além do exposto até agora, pois Evolve é isso.
Logo nas primeiras partidas, vencido o fascínio que indubitavelmente plaina sobre o jogador após este sentir a emoção da caçada, a sensação de mesmice e repetição começa a tomar conta dos embates, ainda mais se você contar com a inteligência artificial como sua companheira. Não que seja ruim! A IA é bem programada e oferece grande desafio, mas a ausência de um jogador humano contracenando as partidas torna o jogo inócuo. Já diria Alexander Supertramp que felicidade só é real quando compartilhada; triunfo e dominação também, oras!
Isso porque Evolve logo se apresenta como um jogo raso, sem objetivos e extremamente simplista se analisado além de sua proposta inicial. Caçar o monstro pela primeira vez é incrível. Matar os caçadores pela primeira vez é gratificante. E a cada partida essa sensação diminui cada vez mais, até tornar-se pura repetição de mecânicas e funções.
Jogar Evolve com amigos traz uma vida extra ao jogo graças às possibilidades de cooperação e coordenação mais apuradas, que podem ser levadas a efeito graças comunicação proporcionada pelo chat do jogo, mas a ausência de elementos e objetivos que justifiquem tal empenho torna inócuo insistir nas mesmas mecânicas já apresentadas, de modo que mesmo com os amigos, a experiência de Evolve torna-se rapidamente cansativa.
Um desenvolvimento mais aprofundado dos personagens, aliado a um modo história que realmente desenvolvesse certa afinidade entre o jogador e jogo contribuiria muito com a experiência de Evolve, permitindo que nós revisitássemos mais vezes a colônia de Shear.
A despeito disso, o core da jogabilidade de Evolve é bem balanceada, de modo que tanto caçadores quanto monstros têm chances reais de vencer as partidas, bastando, para tanto, que saibam o que estão fazendo, o que gera, esporadicamente, partidas muito legais de serem jogadas vez ou outra; mas tente jogar algumas vezes seguidas… Enfim.

Aspectos técnicos

Graficamente, Evolve parece um jogo que poderia ter se beneficiado de uns meses a mais na incubadora para melhorar seu aspecto visual. As texturas são um tanto quanto “lavadas”, o que nada se beneficia da palheta de cores opacas que predominam nos cenários de Evolve, o que também contribui negativamente com a sensação parca de variação dos mapas, conforme dito acima. Evolve não é nada bonito, mas não chega a ser ofensiva sua falta de beleza; mediano é a palavra.
Gráficos
Gráficos
A taxa de quadros sustenta bem a ação frenética proposta pelo jogo, o que talvez justifique a simplicidade gráfica do jogo. Um contraponto, porém, são as inúmeras e longas telas de loading, que farão o jogador esperar demais para jogar as partidas e, como a mecânica do jogo pressupõe que se joguem várias partidas em sequência, prepare-se para aguardar vários minutos para começar a jogar.
A sonoplastia do jogo cumpre seu papel em sonorizar os combates e perseguições de Evolve, embalando muito bem e imprimindo o clima de caçada que o jogo propõe. Não espere, no entanto, composições rebuscadas e trilhas mais elaboradas: Evolve abre praticamente mão disso completamente, na esteira de simplificar seu jogo para uma experiência mais mecânica e menos imersiva.

A (inexistência de uma) história

A Turtle Rock, caminhando no mesmo caminho que a levou ao sucesso com Left 4 Dead, apresenta em Evolve uma narrativa simples e incidental, sem grandes trilhos e eventos a serem seguidos, mas sim construída sobre um fato base, a evacuação de Shear, e complementado pelos raros e poucos diálogos entre os personagens.
E isso é extremamente insuficiente.
Evacuação
Eis a campanha: uma série de cinco jogos seguidos
Conforme já dito, a ausência de uma campanha e história bem trabalhada retira do jogador qualquer desejo de se envolver mais profundamente com o jogo, forçando-o a se apegar aos elementos mais mecânicos do jogo que tendem a se repetir demasiadamente. A consequência disso é que os personagens, genéricos e caricatos, são rapidamente esquecidos, e o desejo de jogar Evolve novamente fica cada vez mais e mais remoto, pois é como se sentíssemos que não vale a pena mais voltar.
A “história” se resume, portanto, à uma colônia que precisa ser abandonada imediatamente porque monstros surgiram não se sabe de onde, ameaçando a existência humana do planeta. Sim, é SÓ isso. Uma pena, pois desperdiça toda a lore criada para o jogo.
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