Mas existem também pessoas que se identificam como gamers e têm gostos muito mais seletos. Os 'monogamers' (nome que acabamos de inventar) são aqueles que dedicam suas energias e praticamente todo seu tempo livre a um único jogo.
"Quando era menor, costumava jogar tudo. Tinha tanto o Super Nintendo quanto o Mega Drive, e curtia muito 'Mario', 'Sonic', 'Zelda'", relembra o engenheiro Andres Costa, 33. "Mas fui ficando mais velho, e perdi o pique de acompanhar as novidades. Também não queria mais gastar tanto dinheiro com isso".
Foi então que ele decidiu se focar em um jogo só, gastando apenas R$ 15 ao mês com sua diversão eletrônica. Hoje, Andres já tem mais de 3 mil horas investidas em sua conta de "World of Warcraft".
Dedicação digital
"'WoW' é muito grande", afirma Andres, que tem como personagem principal um paladino Draenei. "Se tenho uma, duas horas por dia para jogar, posso gastá-las nele tranquilamente sem enjoar pela quantidade de coisas diferentes que posso fazer".
"Houve uma época em que eu ainda jogava outras coisas junto do 'WoW', mas acabei abandonando todo o resto. Não tenho um PS4 nem um Xbox, e não sinto falta", explica. "Ainda mais porque conheço as pessoas do meu servidor - tenho amizades lá dentro. Prefiro passar meu tempo livre jogando com essas pessoas do que com desconhecidos".
Mas Andres ainda se considera um gamer como qualquer outro. "Posso não acompanhar os lançamentos, mas gosto muito de games. Só jogo 'WoW' por opção, mas jogo muito, e sou muito bom nele. Não consigo pensar em outro termo para me descrever".
Novos públicos
De uma geração diferente da de Andres, Caio Mateus Lopes, 14, já não se importa tanto com o rótulo de gamer. Ele conta que nunca teve um console ou portátil, e que começou a jogar games no celular. "Hoje em dia eu e meus amigos só jogamos 'LoL'".
Conhecido por cobrar muito investimento de tempo de seus fãs, "League of Legends" é grande sucesso entre o público mais jovem. "Assim que chegamos em casa do colégio, eu e mais quatro amigos entramos no 'LoL' para jogarmos algumas partidas juntos. Às vezes até conseguimos fechar duas equipes completas com a turma da sala", diz Caio.
O estudante diz que gasta por volta de 4 horas todos os dias jogando, mas mesmo assim não tem interesse em "Call of Duty", "Mario" ou outros títulos. "Eu não sei se sou um gamer. Gosto de me divertir no 'League' com meus amigos, mas nunca me preocupei em ir atrás de outros jogos".
Públicos não tão novos
Quando compraram seus primeiros smartphones em 2014, o administrador de empresas Carlos Mattei, 46, e sua esposa descobriram um novo pasatempo: "Candy Crush Saga".
"Vou parecer muito mais velho do que sou dizendo isso, mas antes eu gostava daqueles livros de palavras-cruzadas", diz, rindo. "Mas esse jogo no celular é muito mais rápido e simples".
Carlos joga diariamente em seu celular entre reuniões e afazeres, e brinca de competir com a esposa quando está em casa. Ele diz já ter baixado outros jogos gratuitos, mas nenhum deles prendeu sua atenção. "Mas nunca gastei dinheiro com isso", garante, com aparente orgulho.
Milhares de lançamentos anuais não atingem grande parte do público jogador de hoje em dia. Da mesma forma que gamers tradicionais, os 'monogamers' entendem o valor do passatempo de seus próprios modos. Ironicamente, com suas preferências homogêneas eles provam o quão diverso o público que consome games se tornou.
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